A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante a invasão por
parte do Reino da Prússia.
A Comuna de Paris — considerada a primeira república
proletária da história — adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira
Internacional dos Trabalhadores.
O
poder comunal manteve-se durante cerca de setenta e dois dias. Seu esmagamento
revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia
Barsa, mais de 20 000 communards foram
executados pelas forças de Thiers.
O
governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o
invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de
revolta ante o armistício assinado
pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra
franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses
feitos prisioneiros de
guerra para auxiliar na tomada de Paris.
Em semanas, a recém nomeada Comuna de
Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos
anteriores combinados:
1. O trabalho noturno foi
abolido;
2. Oficinas que estavam
fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
3. Residências vazias
foram desapropriadas e ocupadas;
4. Em cada residência
oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;
5. Todas os descontos em
salário foram abolidos;
6. A jornada de trabalho
foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
7. Os sindicatos foram
legalizados;
8. Instituiu-se a
igualdade entre os sexos;
9. Projetou-se a autogestão das
fábricas (mas não foi possível implantá-la);
10. O monopólio da lei
pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
11. Testamentos, adoções e
a contratação de advogados se tornaram gratuitos;
12. O casamento se tornou
gratuito e simplificado;
13. A pena de morte foi
abolida;
14. O cargo de juiz se
tornou eletivo;
15. O calendário revolucionário foi
novamente adotado;
16. O Estado e a Igreja
foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios
sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
17. A educação se tornou
gratuita, laica e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as
escolas passaram a ser de frequência mista;
18. Imagens santas foram
derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;
19. A Igreja de Brea,
erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O
confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também;
20. A Bandeira
Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da
Humanidade;
21. O internacionalismo
foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro se tornou irrelevante. Os
integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, poloneses, húngaros;
22. Instituiu-se um
escritório central de imprensa;
23. Emitiu-se um apelo à
Associação Internacional dos Trabalhadores;
24. O serviço militar
obrigatório e o exército regular foram abolidos;
25. Todas as finanças
foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os
telégrafos;
26. Havia um plano para a
rotação de trabalhadores;
27. Considerou-se
instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa
é uma cópia;
28. Os artistas passaram
a autogestionar os teatros e editoras;
29. O salário dos
professores foi duplicado.
Cento e quarenta anos depois, aqui em Portugal e no mundo em geral, as politicas dos sucessivos governos impõem o regresso ao período antes da Comuna de Paris. Foram apenas setenta e dois dias, mas a lição que esses revolucionários deram ao mundo, a coragem, a determinação, mostrou-nos que com a luta revolucionária é possível mudar a sociedade.
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