Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

6 de novembro de 2017

A Comuna de Paris


Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia.
A Comuna de Paris — considerada a primeira república proletária da história — adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de setenta e dois dias. Seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com a enciclopédia Barsa, mais de 20 000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.
Em semanas, a recém nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados:
1.   O trabalho noturno foi abolido;
2.   Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
3.   Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;
4.   Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;
5.   Todas os descontos em salário foram abolidos;
6.   A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
7.   Os sindicatos foram legalizados;
8.   Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
9.   Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);
10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
11. Testamentos, adoções e a contratação de advogados se tornaram gratuitos;
12. O casamento se tornou gratuito e simplificado;
13. A pena de morte foi abolida;
14. O cargo de juiz se tornou eletivo;
15. calendário revolucionário foi novamente adotado;
16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
17. A educação se tornou gratuita, laica e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de frequência mista;
18. Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;
19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também;
20. Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;
21. O internacionalismo foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro se tornou irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, poloneses, húngaros;
22. Instituiu-se um escritório central de imprensa;
23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;
24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;
25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;
26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores;
27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;
28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;
29. O salário dos professores foi duplicado.

Cento e quarenta anos depois, aqui em Portugal e no mundo em geral, as politicas dos sucessivos governos impõem o regresso ao período antes da Comuna de Paris. Foram apenas setenta e dois dias, mas a lição que esses revolucionários deram ao mundo, a coragem, a determinação, mostrou-nos que com a luta revolucionária é possível mudar a sociedade.


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