Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

24 de outubro de 2019

As raízes do oportunismo de esquerda segundo o livro “Esquerdismo Doença Infantil co Comunismo”


As raízes do oportunismo de esquerda segundo o livro “Esquerdismo Doença Infantil co Comunismo”



Raízes socioeconómicas

Pequenos proprietários, pequenos patrões que ao arruinarem-se passam para s posições da classe operária. Estes, sendo incapazes de levar por diante uma luta tenaz, longa e consequente, procuram acabar com a opressão da grande burguesia rapidamente, de um golpe. Não compreendem as condições reais da luta de classes e as leis da Revolução, daí querem resolver todos os problemas partindo apenas dos seus desejos e aspirações subjectivas. A tendência destes “revolucionários” pequeno-burgueses é para as frases revolucionárias, as palavras de ordem ultrarrevolucionárias, o aventureirismo e o extremismo.

Fontes do Oportunismo de Esquerda

- A fonte clássica, descoberta por Lenine – pequena burguesia arruinada;

- Os radicais intelectuais, estudantes, lúmpen do proletariado e pessoas desclassadas;

Raízes Psicológicas

- Certa impaciência de camadas da classe operária;

- Tendência para certas formas de luta política da burguesia, em moda.

- Incapacidade de conhecer o Marxismo. Conhecimento do Marxismo de maneira dogmática.

Essência do oportunismo de esquerda

“ Formas revolucionárias de luta” apelando às acções imediatas pelo poder. Acham possível começar a revolução em qualquer momento sem ter em conta as condições objectivas e subjectivas para a tomada do poder.
O seu sectarismo e isolamento das massas leva-os a ignorarem a necessidade da experiência politica na formação da consciência de classe. Não entendem a necessidade de aproximar as massas da Revolução.

Posição Leninista

- Necessidade de saber aplicar todas as formas de luta;

- Saber passar, rapidamente, de uma forma de luta para outra.

O oportunismo no movimento comunista se foi doença infantil hoje é uma doença crónica. Podemos ver os grupos esquerdistas próprios que se internacionalizaram. Se no passado os pseudorrevolucionários estavam muito localizados, hoje revelam-se por todo o mundo.

As raízes a essência e as manifestações do oportunismo de direita


As raízes a essência e as manifestações do oportunismo de direita

Lenine“o oportunismo significa o sacrifício dos interesses vitais das massas em favor dos interesses imediatos duma minoria insignificante de operários”
Significa a aliança entre determinada camada da classe operária e a burguesia. A força dos oportunistas provém da sua aliança com a burguesia, com os governos burgueses.

Raízes sociais do oportunismo

A base social do oportunismo no movimento operário encontra-se sobretudo em certas camadas intermédias da classe operária, camadas de origem e concepções pequeno-burguesas.

Aumentos salarias a certas categorias de operários, a substituição de formas brutais de exploração por outras mais flexíveis e dissimuladas, alargam as ilusões reformistas numa parte dos trabalhadores.

A propaganda burgues, através dos meios de comunicação que esta controla, procura inculcar nos operários a sua ideologia o que contribui para desenvolver o espirito oportunista.

O peso dos intelectuais na sociedade, muitos deles continuando fieis às suas concepções pequeno-burguesas, tornam-se porta-vozes de influências não proletárias nos partidos comunistas, dado que muitos militam nesses partidos.

Raízes políticas do oportunismo

Períodos de prosperidade económica e sob a influência da ideologia burguesa expandem-se as ilusões reformistas na classe operária, são alimentadas ilusões em alguns, criado o clima favorável para os desvios de direita no movimento operário.

AS políticas de reformas da burguesia leva também ao oportunismo de direita.

AS dificuldades, derrotas, os reveses fazem vacilar os homens pouco firmes, arrastando-os para o oportunismo de direita, para o abandono da luta, para a conciliação com o inimigo.

Oportunismo de direita, revisionismo é uma corrente hostil ao Marxismo e aos interesses revolucionários da classe operária. Esta corrente oportunista substitui a luta de classes, contra o capitalismo e a vitória da Revolução Socialista, pela defesa da paz de classes entre a burguesia a o proletariado.

O oportunismo de direita traduz-se em posições liquidacionistas e na conciliação com a política e ideologia da social-democracia.

O objectivo do oportunismo consiste em desviar os trabalhadores duma consequente luta de classes e empurra-los para pequenas reformas, que em nada alteram os alicerces do sistema burguês.

Manifestações do oportunismo de direita

- Opõem Lenine a Marx, dizendo eu Lenine deformou o Marxismo;

- Declaram que o Leninismo é um fenómeno “puramente russo” não aplicável noutros países;

- Outros defendem apenas “Marx jovem” considerando o “Marx velho” uma desvirtuação do Marxismo;

- Aparecem os oportunistas que dizem que o Leninismo deve ser melhorado, que na nossa época já não é válido;

- Atacam a teoria da Revolução socialista;

- Contestam o papel dirigente da classe operária e do Partido Comunista na Revolução e na construção do Socialismo;

- Pretendem confundir o Socialismo com a democracia burguesa;

- E a pretexto da especificidade das condições nacionais abandonam as leis gerais da Revolução e da construção do Socialismo.

7 de outubro de 2019

“A Comunicação social e tal…”


“A Comunicação social e tal…”
Sou do temo do Stencil, quando numa velha máquina de escrever se batíamos as teclas com mais força lá furávamos o stencil e era borrão certo na impressão. Depois de muita “ginástica” lá conseguíamos colocar aquilo no duplicador manual, batíamos o papel para o despegar e folha a folha e lá conseguíamos imprimir umas dezenas e, por vezes, centenas de documentos sobre os mais variados problemas que afectavam a sociedade. Íamos para os mercados e saídas de fábricas entregar mão a mão o precioso material que tantas dores de cabeça nos tinha dado.
Era desta forma que também divulgávamos as nossas posições nas assembleias de freguesia, nas Assembleias municipais e Câmaras onde tínhamos vereadores.
Mais tarde vieram os stencils eletrónicos que nos facilitavam o trabalho e com os quais tínhamos possibilidades de elaborar documentos mais atractivos com gráficos, fotos a preto e branco, letras desenhadas a escantilhão mas que implicava o mesmo processo de reprodução em duplicador manual ou já, nalguns casos, eléctrico.
Apesar de todas estas peripécias não deixávamos de tomar posição sobre os variados assuntos da nossa actividade e dos problemas que afectavam populações e trabalhadores nos seus locais de trabalho, sobre as questões ligadas aos agricultores e outras camadas sociais.
Na era dos computadores cada um de nós tem em casa uma “tipografia” – Um programa onde podemos elaborar documentos dos mais variados estilos e apresentações (alguns já predefinidos), uma impressora que imprime a cores ou a preto e branco mas que ninguém utiliza para fazer um simples documento lá para o seu bairro, a sua empresa ou junto dos amigos e conhecidos. Estamos sempre esperando os documentos centrais que versam sobre temas centrais e que muitas vezes ficam por distribuir.
Os eleitos nos diversos órgãos podiam fazer boletins sobre a sua actividade nos órgãos onde são eleitos, os militantes podiam fazer boletins sobre os problemas nas empresas onde trabalham, os organismos podiam fazer documentos sobre as posições do Partido sobre as variadíssimas posições dos diferentes sectores da nossa vida.
Mas não. Há alguns anos que estamos dependentes de que a Comunicação Social burguesa faça por nós o que nos compete realizar. Oiço muitos militantes queixarem-se ad comunicação social que nos discrimina, que é tendenciosa, que não divulga as nossas posições, etc. etc. mas metrem mãos à obra e irem para a rua no contacto directo com o povo e elaborando documentos e distribuindo-os com regularidade isso não.
As iniciativas do PCP ou CDU – comícios, jantares, encontros, palestras são mobilizadas com o argumento de que devemos estar em força porque vai aparecer a comunicação social e é necessário ter a casa cheia. A comunicação social comanda a agenda, o ambiente, a mobilização e o conteúdo das iniciativas.
Responsabilizar a comunicação social, por resultados que não conseguimos obter, serve de desculpa para o que não fazemos no dia-a-dia junto do eleitorado, junto dos trabalhadores, juntos das populações, juntos dos amigos e camaradas que estão connosco na mesma luta.
AS novas tecnologias vieram facilitar a nossa vida e a nossa actividade em muitos campos mas não a sabemos aproveitar da melhor forma.



Composição das listas CDU ao Parlamento 2019


Composição das listas CDU ao Parlamento 2019
Nos vinte círculos eleitorais nacionais e dois fora de Portugal há 311 candidatos contando efetivos e suplentes.
Desses 311 candidatos há  36 operários e 2 agricultores — 11,5 % do total dos candidatos.
Em lugares elegíveis aprecem o 1º em Lisboa (Jerónimo de Sousa) e o 1º de Setúbal (Francisco Lopes).
— Em Lisboa num total de 5, o 2º operário aparece em 9º Lugar;
— Em Setúbal num total de 5, o 2º operário vem em 6º Lugar;
— No Porto em 6 operários o 1º vem em 9º lugar;
— Em Leiria o único operário da lista está em suplente;
— Em Santarém apenas 1º operário em 7º lugar, zero agricultores;
— Em Beja um único operário, mineiro, em suplente;
— Em Braga em 7 operários, alista que inclui mais operários, o 1º aparece em 5 lugar;
— Em Coimbra em 2 operários o 1º está em 6º lugar;
— Em Évora o único operário aparece em 6º lugar;
— Em Faro o único operário está em 6º lugar na lista;
— Em Vila Real, em Viseu, na Europa todos com 1 operário;
— Em Aveiro em 4 o 1º está em 3º na lista;
— Todos os restantes círculos não incluem qualquer operário ou agricultor.


30 de setembro de 2019

Assim se fabricam "vitórias"


Do livro o “Grande Salto Atrás”
De Henri Alleg

“ Aqueles que tão alegremente aplaudiram a morte da URRS e que tão perentoriamente proclamaram definitivamente virada a página do comunismo e das suas «utopias» não conseguiram, até hoje, descobrir nenhuma explicação para o fulgurante reaparecimento do pavoroso «espectro» de que julgavam libertos para sempre. A vitória dos comunistas nas eleições legislativas russas de Dezembro de 1996 deixou-os completamente perplexos; apenas conseguiram aperceber-se de que aquilo que haviam «enterrado» continuava, apesar de tudo, bem vivo.
Cerca de seis meses depois, a vitória de Iéltsin nas eleições presidenciais não chegou para dissipar-lhes a inquietação, pois sabiam quão frágil ela fora — e não somente por causa da saúde, mais que precária, do Presidente. Sabiam, também, que a maioria dos eleitores que na segunda volta se haviam finalmente decidido por ele não o tinham feito em sinal de aprovação pelo modo como governara durante o primeiro mandato e que muito menor era, ainda, o número dos que nele confiavam para o futuro. Quatro meses antes do escrutínio, as sondagens efectuadas por grupos de especialistas norte-americanos ([1]) atribuíram-lhe apenas 6% de votos favoráveis. A percentagem dos Russos que o achavam dotado «das competências exigidas para ser um bom presidente» era ainda menor. 60% dos Russos davam-no como corrupto e 65% responsabilizavam-no directamente pela derrocada da economia do país.
Mas era Iéltsin que servia ao Ocidente, pois, com ele, se tinha a certeza de a Rússia se manter no «bom caminho» e não sentir a tentação de voltar, depois de uma breve experiência capitalista, aos antigos espíritos malignos do colectivismo. «Iéltsin é o nosso homem, quanto mais não seja porque todas as outras soluções são muito piores» ([2]) — escrevia um dos editorialistas da revista Time logo a seguir ao escrutínio ([3]) «Se os dirigentes ocidentais pudessem votar nas eleições russas — acrescentava — , Iéltsin teria obtido, decerto, um resultado muito melhor que os 99,8% de Saddam Hussein.»
A aposta era demasiado forte para apenas lhe fossem dados estímulos verbais e calorosos desejos de vitória. «O Ocidente desembolsou milhares de milhões ([4]) para garantir a vitória de Iéltsin — escrevia, ainda, o mesmo editorialista — Os estadistas ocidentais convidaram-no a participar nas suas mais íntimas reuniões, adularam-no, amimaram-no, acarinharam-no…»
Bill Clinton, o cabecilha do «mundo livre», fez ainda melhor: prestou-lhe auxílio prático directo, mas — como revela a Time— no mais absoluto segredo, não fosse o candidato comunista ganhar alguma coisa com isso ao denunciar a ingerência norte-americana nos assuntos internos da Rússia e o papel de fantoche que Iéltsin se aprestava a desempenhar.
Em princípios de Março de 1996, chegaram tranquilamente a Moscovo cinco pacíficos cidadãos norte-americanos — que se faziam passar por homens de negócios — a fim de dar a sua ajuda na orientação da campanha eleitoral de Iéltsin. Por um «trabalho» de quatro meses, cada um deles receberia — além do reembolso de todas as suas despesas pessoais— a quantia de 250 mil dólares. Além disso, fora-lhes aberta uma linha de crédito ilimitado para a realização de todas as investigações, inquéritos e sondagens que julgassem necessárias.
Quatro desses homens eram especialistas em eleições, batidíssimos nos mais requintados métodos — e também nos «golpes baixos» — utilizados nos Estados Unidos para «vender» um candidato e conseguir a sua eleição à custa da esmagadora ocupação publicitária dos televisores, de minuciosos estudos da psicologia dos telespectadores (montando-lhes nos receptores dispositivos especiais destinados a «medir» a intensidade das suas reacções e a sua receptividade aos argumentos dos candidatos) e ainda, muito classicamente, de «luvas», ameaças e calúnias e de manifestos e declarações especialmente forjados e atribuídos ao adversário a fim de desacreditá-lo ([5])…
…Com a colaboração da filha de Bóris Iéltsin, Tatiana Diachenko, incumbida de manter uma constante ligação com o seu pai, esses norte-americanos definiram rapidamente a táctica que, segundo explicaram, seria a única capaz de garantir a vitória. As suas observações foram resumidas num memorando de dez páginas: «Os eleitores não aprovam a maneira com Iéltsin conduz os assuntos do Estado; não acham que, desse modo, as coisas possam melhorar e preferem a maneira de ver dos comunistas. Só há uma estratégia para ganhar, e é muito simples: em primeiro lugar, é preciso mostrar às pessoas que os comunistas têm de ser vencidos custe o que custar.»
«A dificuldade — explicaram depois esses mesmos agentes — é que Iéltsin não conseguia compreender que os Russos não queriam aceitá-lo.» Para ganhar— e para se não ver obrigado a anular as eleições por ser perigoso realizá-las ([6]) — , Iéltsin teria de convencê-los de que, apesar da repulsa que sentiam em votar nele, não podiam agir de outro modo. Isso exigia jogar com o medo: «Se os comunistas ganhassem, haveria guerra civil, desordem e matanças. Seria tudo muito mais terrível que a vida actual. Ou Iéltsin ou o caos e a sangueira. “Esta argumentação foi martelada e remartelada nas televisões e nas rádios, monopolizadas por Iéltsin (depois da primeira volta, Ziuganov foi praticamente impedido de ter-lhes acesso).
Milhões de eleitores, que o Presidente cessante convidava a votar nele, não tinham recebido os salários que o Estado estava a dever-lhes havia muitos meses. A brigada de «consultores» chegou à conclusão que Iéltsin devia absolutamente deixar de proclamar que lhes seriam pagos imediatamente a seguir à sua eleição, pois ninguém acreditava já nas promessas, que se viravam contra ele. Era preciso começar a pagar sem mais demora. Os milhares de milhões do FMI e das «democracias amigas» — aos quais se juntaram as reservas do Banco Central, ilegalmente confiscadas por Iéltsin — serviram, em parte, para isso. Os norte-americanos aconselharam-no, também, a atirar publicamente as culpas dessa falta de pagamento para os altos funcionários — que não teriam cumprido as suas ordens embora ele. Iéltsin, já de há muito lhes houvesse transmitido directivas no sentido de que todos recebessem o que lhes era devido.
 O fortíssimo apoio do Ocidente, as mentiras, a demagogia, o cultivo do medo e as calúnias anticomunistas, juntamente com o dinheiro distribuído às pazadas e com aas promessas de promoção feitas a certos candidatos, postos de fora de combate na primeira volta —  como o general Aleksandr Lébed’ — , para que desse apoio ao «bom» candidato, foram os ingredientes que, reunidos, acabaram por dar a vitória a Iéltsin. «Temos, enfim, a “democracia” na Rússia!» — exclamariam, sem rir, Bill Clinton, Jaques Chirac (que felicitou pessoalmente o seu «caro Bóris Nikoláevitch»), Helmut Kohl, John Major — e também outros políticos, com reputação de «esquerda», que preferiríamos não ver em semelhante companhia.
Iéltsin obteve 40 milhões de votos, ou seja: 53% do total dos votos expressos. Ziuganov obteve 30 milhões, numa percentagem de 40,3% ([7]). Para os falsos democratas, os autênticos mafiosos, os verdadeiros novos -ricos, os reformadores de meia-tijela, os autênticos mafiosos e os pretensos amigos que, no estrangeiro, tinham financiado a campanha, foi uma vitória. Mas, para os observadores das capitais ocidentais capazes de ir um pouco mais além na análise, o resultado do candidato vencido significava tanto, ou mesmo mais, que o do vencedor e mostrva que, no fundo, as eleições nada tinham resolvido.
Apesar da extraordinária mobilização dos meios contra eles reunidos, os comunistas tinham reconstruído, ao cabo de menos de cinco anos sobre a dissolução da URSS e do PCUS, uma força viva e dinâmica. Era preciso contar com eles no pós-Iéltsin…





[1] «Yanks to the rescue. The secret story of how American advisers helped win»(«A salvação pelos Yankees. A história secreta de como os conselheiros norte-americanos ajudaram Iéltsin a ganhar»), Time, 15 de Julho de 1196.
[2] Esta observação — formulada de um modo menos grosseiro, é certo, mas na mesma ordem de ideias — faz lembrar um célebre dito de Franklin Roosevelt. Ao responder a um crítico que o censurava pelo apoio dos Estados Unidos a Somoza, ditador da Nicarágua, Roosevelt dissera: «Pois, eu bem sei que ele é um filho da puta (a sono f a bitch), mas é n
osso».
[3] «Embracing Mr. Wonderful — The West’s problems with Russian haven’t been resolved by Yeltsin’s victory»( O abraço ao Sr. Maravilha – Os problemas do Ocidente com a Rússia não foram resolvidos com a vitória de Iéltsin») Josef Joffe, Time, 15 de Julho de 1996.
[4] O Fundo Monetário Internacional concedeu-lhe, com a bênção do governo norte-americano, um empréstimo de 10 mil milhões de dólares. Helmuth Kohl contribuiu, pela Alemanha, com 2,8 mil milhões de dólares. E Alain Juppé entrou, pela França, com mil milhões de dólares.
[5] Foi assim que a imprensa e as televisões «revelaram» e deram ampla difusão a um pretenso «programa secreto dos comunistas». Essa falsificação fora cozinhada no objectivo de assustar os eleitores e desviá-los do voto em Ziuganov, candidato do Partido Comunista. Nem o «grupo americano» nem mais quer que fosse se confessou — está bem de ver— autor desse magnífico «golpe baixo».
[6] Fora isso que Korjakov, conselheiro de Iéltsin, lhe sugerira.
[7] Estes são os resultados da segunda volta (3 de Julho de 1996). Na primeira (16 de Junho de 1996), os cinco mais votados haviam sido: Boris Iéltsin, 35%; Ghennádi Ziuganov (Partido Comunista da Federação da Rússia), 32,5%; Grigóri Iavlínski, 7,5%; Vladimir Jirinosvki, 6% Aleksandr Lébed’, 5%.

3 de abril de 2019

AVIÕES VÃO, AVIÕES VÊM!

Para servir a OTAN já Portugal tem muito dinheiro. Tanto que até tem aviões estacionados na Polónia para patrulharem o Mar Báltico.
Podem andar por lá meses e até anos servindo interesses bélicos do imperialismo à custa dos nossos impostos.
Para Moçambique foram uns aviõeszitos com uns tropas, mais umas vacinas para 600 portugueses e voltaram em menos de uma semana.
Grande pompa e circunstância na ida, com ministros e secretários de estado, presidentes da República e da Assembleia da República, com presidentes das instituições envolvidas, generais e capitães, etc.etc, etc... tudo com enorme cobertura das TVs cá do sitio.
Na chegada ao destino de novo as TVs, cá do sitio, lá estavam para filmarem a chegada dos pássaros voadores, onde não faltaram secretários de estado e as autoridades locais.

Oito e dez dias depois -" MISSÃO CUMPRIDA" voltaram os tais passarocos e de novo lá estavam os ministros, secretários de estado e muita gente ligada a estas coisas do poder. Entrevistas e declarações de circunstância, como mandam as regras de discrição nestas missões de ajuda a povos em dificuldades. 
Afinal ficamos a saber que foram lá vacinar, com  a primeira dose, os 600 e poucos portugueses que lá ficaram depois da tragédia. 

Ontem, dia 2 de Abril, regressou outro avião com militares e militaras, com bombeiros e bombeiras, com GNRs e GNRas, de novo com grande cobertura televisiva onde não faltaram os tais ministros, ministras e respectivos secretários e secretárias, orgulhando-se do trabalho realizado- "MISSÃO CUMPRIDA" .
No desenvolvimento das entrevistas ficamos a saber que há locais onde ainda não conseguiram chegar às populações, que há milhares de pessoas sem água, sem roupa, sem casa, sem medicamentos; que há mais de 750 grávidas em final de gestação; que há crianças sem escola, sem livros, sem alimentos, sem roupa...mas "MISSÃO CUMPRIDA".

Também não faltou um passarinho voador para repatriar uns 8 portugueses que não quiseram lá ficar porque aquilo metia medo, -há um ditado popular que diz que quem tem cu tem medo - . Interessante ouvir um desses tais corajosos e solidários cidadãos lamentando-se que perdeu tudo: casa, quintas e vacas e outros animais que deixou por lá entregues à sua sorte, lamentando-se que anteriormente tinha perdido tudo nos incêndios em Portugal e que agora voltou a ficar na miséria. Não consigo perceber como é que uma pessoa perde tudo numa tragédia(incêndios) e pouco tempo depois volta a perder tudo num país longínquo e diferente. 

Até a desgraça alheia serve para campanha eleitoral e politica. Para promover ministros, ministras, secretários e secretárias, generais e capitães, presidentes disto e daquilo em descarado aproveitamento da solidariedade desinteressada do povo português.






16 de março de 2019

O estado do Estado a que chegámos...

Luis Piçarra

Um texto que mantém toda a actualidade.



O estado do Estado a que chegámos...
Um texto de 2013 Quando alguns acham que a "unidade democrática" está acima da luta de classes, e que o Estado é um regulador aclássico, e portanto não está ao serviço de uma classe determinada, a questão do Estado, a sua natureza e objectivos, colocam na ordem do dia as tarefas inadiáveis dos comunistas.·O estado do Estado a que chegámos...O Estado e o seu regime:a "pedra de toque" que define (ou que deve definir) a acção e programa do Partido.A democracia que serve a burguesia, não pode servir os trabalhadores e as camadas populares. Há os que sucumbem às suas "virtudes", e os que numa linha de coerência revolucionária, se batem por uma outra democracia e um outro Estado: a democracia socialista e um Estado proletário.O estado do Estado a que chegamos Questão central para aqueles que têm como objectivo a construção de uma sociedade nova, a questão do Estado, tema cientificamente desenvolvido por Lénine em o “Estado e a Revolução”, permanece perene de actualidade e necessidade de aprofundamento e estudo. Álvaro Cunhal a partir da posição marxista-Leninista sobre o Estado, desenvolve o seu conteúdo, partindo da realidade concreta portuguesa. Aqui ficam alguns fragmentos da obra do camarada Álvaro Cunhal, “A Questão do Estado, Questão Central de Cada Revolução”, Novembro de 1967:...”Lénine desfazia o logro espalhado nas massas populares segundo o qual a participação de ministros «socialistas» no governo seria suficiente para assegurar uma política «socialista».«Uma mudança de ministros significa muito pouco» — sublinhava Lénine — «pois todo o trabalho administrativo real está nas mãos de um exército gigantesco de funcionários (...) impregnado até à medula de um espírito antidemocrático, está ligado por milhares e milhões de fios aos latifundiários e à burguesia, dependendo deles de todas as formas».(20)E concluía:«Tentar levar a cabo, por meio deste aparelho de Estado, transformações tais como a abolição da propriedade latifundiária da terra sem indemnização ou o monopólio dos cereais, etc., é a maior das ilusões, o maior engano de si próprio e o engano do povo»(21)Nos nossos dias e no nosso país, enganam-se também a si próprios e, queiram ou não queiram, enganam o povo aqueles que afirmam que a formação dum governo constituído por democratas, socialistas, mesmo comunistas, asseguraria, por si só, a realização duma política democrática, sem que para isso se tornasse necessária a destruição do aparelho do Estado organizado pelos fascistas.Alguns, reconhecendo a dificuldade, julgam descobrir a solução ao imaginarem uma redistribuição dos cargos, com demissões dos fascistas mais notórios dos lugares mais responsáveis e a nomeação em sua substituição de «homens de confiança». Nem se trata de um descoberta nem de uma solução. Tapando o buraco com uma tábua furada, à primeira ilusão acrescentam uma segunda.Tal «solução» é a velha solução das «revoluções» burguesas e pequeno-burguesas, em que os partidos, que se substituíam no poder, multiplicavam nomeações e redistribuições de cargos. Em Portugal, foi o processo habitual do partidos que se sucediam no governo, tanto no tempo da monarquia constitucional, como no da república parlamentar. Diversos políticos se gabaram de ter cansado os braços no primeiro dia de governo a assinar demissões e nomeações, E entretanto nos mais dos casos de pouco lhes valia o expediente. Tal «solução» pode ser viável (embora nem sempre o seja), quando se não trata de verdadeiras revoluções, quando se não trata de alterar a «arquitectura social da Nação», mas apenas de mudar equipas burguesas, por virtude do jogo de interesses e rivalidades de grupos e camadas da burguesia. Mas, quando se trata de revoluções que alteram a natureza de classe da política governamental, então a redistribuição dos cargos é insuficiente para que o aparelho do Estado assegure a realização pelo governo das reformas ou medidas revolucionárias que se impõem”... (AC)Passados 37 anos sobre a vitória da contra – revolução, a Revolução de Abril tem ainda marcas profundas na sociedade portuguesa. Mas as revisões constitucionais (ilegais) alteraram qualitativamente a natureza do Estado. Mantendo e reforçando a sua super-estrutura como instrumentos de dominação de classe, os Governos, desde o primeiro Governo constitucional do “PS sozinho” com Mário Soares como Primeiro – Ministro, -um autêntico e contra-revolucionário “Conselho de Administração da Burguesia”-. deu início a um processo de permanente golpada anti-constitucional e de uma política inconstitucional, acelerando a entrega aos perdedores por via das conquistas de Abril, aquilo que haviam perdido. Vivemos nos dias que correm, as consequências da política reaccionária que PS, PSD e CDS, ao longo de 37 anos nos Governos, realizaram no sentido de reforçar e perpetuar o poder da burguesia. O texto constitucional de 2 de Abril de 1976, Constituição “filha” da Revolução de Abril sofreu profundas mutilações.Qualificamos o regime actual como um regime de democracia burguesa. O que é isto então? É uma forma de dominação da burguesia, enquanto que os direitos e as leis proclamados para todos têm um carácter puramente formal. Nas actuais condições, da existência da propriedade privada, da política de restauração capitalista e latifundista, de restauro do poder dos monopólios, faltam os meios sócio-económicos para que nessa democracia formal se possam assegurar a sua efectiva aplicação. Nesta democracia burguesa pode-se ainda falar, criticar a um ministro, criticar o Governo, criticar um empresário, ter alguma representação parlamentar e noutras instituições do sistema , mas não se muda nada; às massas estão apenas permitido limitarem-se às palavras já que o poder económico e político da burguesia, com todo seu aparato, Leis, Tribunais, Forças de Segurança, Forças Armadas, além de todo o seu aparelho ideológico (comunicação social, ciência, tecnologia, compêndios e manuais escolares, etc.) está aparelhado para reprimir contra quem se levantar, com acção concreta, contra as classes dominantes. A reclamação de direitos próprios dos trabalhadores e do povo têm sido fustigados pela repressão, chantagem e mais roubos. O Estado através dos seus executantes, o Governo, assegura a proporção directa de que os roubos aos direitos de quem trabalha, vão direitinhos para o bolso da burguesia. Vão por via directa com os milhões e milhões de euros do erário público para a banca privada, e vão de forma indirecta por via da privação de direitos laborais, na saúde, no ensino, na justiça.Este estado a que chegamos, o Estado e o seu regime pode-se qualificar de democracia? Pode ser democrático um regime onde a maioria tem de submeter-se a uma minoria poderosa e usurpadora?É uma democracia somente nos seus aspectos formais, na sua fachada, e que não realiza os interesses e direitos da maioria dos trabalhadores e do povo. Ou seja, este regime de “poder do povo” tal o significado da palavra, não o é. Não traz por isso nenhuma “vantagem às massas do povo”. Esta "democracia" não assegura aos trabalhadores e ao povo nenhuma liberdade efectiva, não assegura a independência do país, quer do ponto de vista económico, financeiro, militar, transformando-o num país cada vez mais dependente dos interesses externos, União Europeia, Banco Central Europeu, FMI, NATO. O capital nacional e internacional, impõem às massas a sua vontade, os seus desejos e a sua visão.As leis que são aprovadas pelos parlamentos nos regimes de democracia burguesa, expressam a vontade das classes dominantes, e defendem os seus interesses de classe. Leis que igualmente beneficiam os partidos do sistema ao serviço do capital, que constituem as maiorias no parlamento. A história dos últimos 37 anos, de maiorias absolutas do PS, PSD e CDS na Assembleia da República é exemplo concreto disso mesmo. Apesar de uma firme intervenção comunista na Assembleia da Republica, a política de direita, o roubo, o esbulho, a insegurança, as limitações no acesso à justiça, saúde e educação, são característica deste regime de democracia burguesa.“Este caos e esta confusão, esta liberdade dos malfeitores para perpetrar crimes são qualificados pelos detentores do poder económico e político, como "democracia verdadeira"! Lenine)O pluripartidarismo e o pluralismo, apresentados como virtudes dos regimes de democracia burguesa, são denominações para procurar dizer que a participação no poder de muitos partidos do sistema,não alteraram em nada as características de classe dessa democracia empobrecida. Esse regime não altera, não transforma numa perspectiva progressista, essa sociedade, pois não pode ser democrática uma sociedade baseada na exploração e opressão de classe.Socorrendo-nos novamente de Lenine, sobre a democracia de facto como “Governo do Povo” a democracia da maioria, democracia dos trabalhadores, adianta:..."só a ditadura do Proletariado poderá emancipar a humanidade da escravidão que lhe impõe o capital, das mentiras, falsidades e hipocrisia da democracia burguesa que só existe para os ricos, e dar a democracia para os pobres, ou seja, conseguir que os operários e camponeses pobres tenham verdadeiro acesso aos benefícios que a democracia outorga"...A democracia da maioria, a democracia socialista, na construção do Socialismo sob a a ditadura do proletariado, assegura a construção colectiva de um projecto igualmente colectivo e com novas e genuínas relações humanas, num sério e difícil desafio, da construção do “homem novo”, num mundo em que não está sozinho.. No Socialismo, o sujeito principal do desenvolvimento histórico, nas relações inerentes à democracia socialista, o ser humano ocupa o lugar que lhe cabe, na base de sua capacidade e do trabalho que realiza, usufruindo do produto social produzido. A cada um segundo as suas capacidades, segundo o seu trabalho. Num regime de democracia burguesa, em nome dos interesses das classes dominantes e exploradoras, não pode aceitar estas relações novas. A liberdade do indivíduo é incompatível com o o poder manipulado pelos interesses da burguesia.O estado a que chegou o Estado neste regime de democracia burguesa, é o Estado da dominação do capital monopolista de Estado, sempre a pretender dizer e a fazer passar a ideia de que as leis são feitas no Parlamento, alijando daí responsabilidades, e ao mesmo tempo fazer passar despercebido de que Partidos e deputados é tudo “farinha do mesmo saco”, legitimamente sufragados pelo povo. Mas como afirmava Lenine, ..." em qualquer país parlamentarista, o verdadeiro trabalho 'estatal' faz-se nos bastidores e é executado pelos ministérios, repartições e Estados-Maiores"...Enfim, consuma-se pela prática a ditadura da burguesia, mesmo que ela não assuma as características da “ditadura terrorista dos monopólios e dos latifundiários, associados ao imperialismo”, como é definido em o “Rumo à Vitória” da autoria do camarada Álvaro Cunhal.Em conclusão, a ditadura do proletariado é infinitamente e incomensuravelmente mais democrática, do que a mais “democrática” democracia que a burguesia concede. Democracia que concede, desde que essa “concessão” não ponha em causa os seus interesses de classe. Ou seja, se estiver em perigo, pois lá se vão os parlamentos, as eleições, e as liberdadezinhas, nem que seja a tiros de canhão.Abril de 2013 Luís Piçarra.