“A Comunicação social e tal…”
Sou do temo do Stencil, quando
numa velha máquina de escrever se batíamos as teclas com mais força lá
furávamos o stencil e era borrão certo na impressão. Depois de muita
“ginástica” lá conseguíamos colocar aquilo no duplicador manual, batíamos o
papel para o despegar e folha a folha e lá conseguíamos imprimir umas dezenas
e, por vezes, centenas de documentos sobre os mais variados problemas que
afectavam a sociedade. Íamos para os mercados e saídas de fábricas entregar mão
a mão o precioso material que tantas dores de cabeça nos tinha dado.
Era desta forma que também
divulgávamos as nossas posições nas assembleias de freguesia, nas Assembleias
municipais e Câmaras onde tínhamos vereadores.
Mais tarde vieram os stencils
eletrónicos que nos facilitavam o trabalho e com os quais tínhamos
possibilidades de elaborar documentos mais atractivos com gráficos, fotos a
preto e branco, letras desenhadas a escantilhão mas que implicava o mesmo
processo de reprodução em duplicador manual ou já, nalguns casos, eléctrico.
Apesar de todas estas peripécias
não deixávamos de tomar posição sobre os variados assuntos da nossa actividade
e dos problemas que afectavam populações e trabalhadores nos seus locais de
trabalho, sobre as questões ligadas aos agricultores e outras camadas sociais.
Na era dos computadores cada um
de nós tem em casa uma “tipografia” – Um programa onde podemos elaborar
documentos dos mais variados estilos e apresentações (alguns já predefinidos),
uma impressora que imprime a cores ou a preto e branco mas que ninguém utiliza
para fazer um simples documento lá para o seu bairro, a sua empresa ou junto
dos amigos e conhecidos. Estamos sempre esperando os documentos centrais que
versam sobre temas centrais e que muitas vezes ficam por distribuir.
Os eleitos nos diversos órgãos
podiam fazer boletins sobre a sua actividade nos órgãos onde são eleitos, os
militantes podiam fazer boletins sobre os problemas nas empresas onde
trabalham, os organismos podiam fazer documentos sobre as posições do Partido
sobre as variadíssimas posições dos diferentes sectores da nossa vida.
Mas não. Há alguns anos que
estamos dependentes de que a Comunicação Social burguesa faça por nós o que nos
compete realizar. Oiço muitos militantes queixarem-se ad comunicação social que
nos discrimina, que é tendenciosa, que não divulga as nossas posições, etc.
etc. mas metrem mãos à obra e irem para a rua no contacto directo com o povo e
elaborando documentos e distribuindo-os com regularidade isso não.
As iniciativas do PCP ou CDU –
comícios, jantares, encontros, palestras são mobilizadas com o argumento de que
devemos estar em força porque vai aparecer a comunicação social e é necessário
ter a casa cheia. A comunicação social comanda a agenda, o ambiente, a
mobilização e o conteúdo das iniciativas.
Responsabilizar a comunicação
social, por resultados que não conseguimos obter, serve de desculpa para o que
não fazemos no dia-a-dia junto do eleitorado, junto dos trabalhadores, juntos
das populações, juntos dos amigos e camaradas que estão connosco na mesma luta.
AS novas tecnologias vieram
facilitar a nossa vida e a nossa actividade em muitos campos mas não a sabemos
aproveitar da melhor forma.
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