Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

7 de outubro de 2019

“A Comunicação social e tal…”


“A Comunicação social e tal…”
Sou do temo do Stencil, quando numa velha máquina de escrever se batíamos as teclas com mais força lá furávamos o stencil e era borrão certo na impressão. Depois de muita “ginástica” lá conseguíamos colocar aquilo no duplicador manual, batíamos o papel para o despegar e folha a folha e lá conseguíamos imprimir umas dezenas e, por vezes, centenas de documentos sobre os mais variados problemas que afectavam a sociedade. Íamos para os mercados e saídas de fábricas entregar mão a mão o precioso material que tantas dores de cabeça nos tinha dado.
Era desta forma que também divulgávamos as nossas posições nas assembleias de freguesia, nas Assembleias municipais e Câmaras onde tínhamos vereadores.
Mais tarde vieram os stencils eletrónicos que nos facilitavam o trabalho e com os quais tínhamos possibilidades de elaborar documentos mais atractivos com gráficos, fotos a preto e branco, letras desenhadas a escantilhão mas que implicava o mesmo processo de reprodução em duplicador manual ou já, nalguns casos, eléctrico.
Apesar de todas estas peripécias não deixávamos de tomar posição sobre os variados assuntos da nossa actividade e dos problemas que afectavam populações e trabalhadores nos seus locais de trabalho, sobre as questões ligadas aos agricultores e outras camadas sociais.
Na era dos computadores cada um de nós tem em casa uma “tipografia” – Um programa onde podemos elaborar documentos dos mais variados estilos e apresentações (alguns já predefinidos), uma impressora que imprime a cores ou a preto e branco mas que ninguém utiliza para fazer um simples documento lá para o seu bairro, a sua empresa ou junto dos amigos e conhecidos. Estamos sempre esperando os documentos centrais que versam sobre temas centrais e que muitas vezes ficam por distribuir.
Os eleitos nos diversos órgãos podiam fazer boletins sobre a sua actividade nos órgãos onde são eleitos, os militantes podiam fazer boletins sobre os problemas nas empresas onde trabalham, os organismos podiam fazer documentos sobre as posições do Partido sobre as variadíssimas posições dos diferentes sectores da nossa vida.
Mas não. Há alguns anos que estamos dependentes de que a Comunicação Social burguesa faça por nós o que nos compete realizar. Oiço muitos militantes queixarem-se ad comunicação social que nos discrimina, que é tendenciosa, que não divulga as nossas posições, etc. etc. mas metrem mãos à obra e irem para a rua no contacto directo com o povo e elaborando documentos e distribuindo-os com regularidade isso não.
As iniciativas do PCP ou CDU – comícios, jantares, encontros, palestras são mobilizadas com o argumento de que devemos estar em força porque vai aparecer a comunicação social e é necessário ter a casa cheia. A comunicação social comanda a agenda, o ambiente, a mobilização e o conteúdo das iniciativas.
Responsabilizar a comunicação social, por resultados que não conseguimos obter, serve de desculpa para o que não fazemos no dia-a-dia junto do eleitorado, junto dos trabalhadores, juntos das populações, juntos dos amigos e camaradas que estão connosco na mesma luta.
AS novas tecnologias vieram facilitar a nossa vida e a nossa actividade em muitos campos mas não a sabemos aproveitar da melhor forma.



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