Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

22 de março de 2018

A dissolução do PCUS Novembro de 1991


“Os militares adeptos de Iéltsin apresentaram-se no Comité Central de deram-nos dez minutos para evacuar o edifício, proibiram-nos de levar connosco o que quer que fosse – a não ser objectos de puro uso pessoal. Eramos cerca de dois mil. Toda a gente saiu sem dizer uma palavra. Estávamos desmoralizados, terrificados. Não houve um só que protestasse. Quando cheguei a casa e contei à minha mulher o que acontecera, ela ficou embasbacada e ao mesmo tempo, indignada: “ Quê? Estavam lá dois mil comunistas e não resistiram?”. Esta observação deixou-me envergonhado.
«Tinha razão. Sim, por que motivo não tínhamos nós resistido? Esperávamos ordens! Ordens de Gorbatchov, que continuava a ser o Presidente da URSS e secretário-geral do PCUS, que podia ter reagido, que podia ter apelado aos militantes para resistirem à decisão de Iéltsni. Não sei quantos membros do Partido teriam respondido a esse apelo, nem como, pois tudo nos parecia já perdido e estávamos completamente desmoralizados. Mas o facto é que nada fizemos. Esperávamos pela decisão de Gorbacthov quando, na realidade, fora ele próprio, com as suas hesitações, os seus compromissos e, por fim, as suas sucessivas traições, quem preparara a capitulação e se aprestava a assiná-la. Que ingenuidade! Mas que havíamos de fazer? Estávamos habituados a não tomar a iniciativa.» Pág. 81
«Mas, mesmo discordando profundamente da política que estava a ser posta em prática, toda a gente se calou. Não por medo de passar por «inimigo do Partido» e de ficar sujeito a sanções mais ou menos graves – esse receio havia-se atenuado pouco a pouco, especialmente depois do XX Congresso -, mas porque, qualquer que fosse a sua opinião, os militantes tinham conservado o hábito de aceitar sem discussão todas as directivas vindas de cima.»
« Os simples cidadãos – comunistas ou não - , quando se referiam aos que ocupavam os lugares de direcção à frente do Partido e do Estado, haviam ganho o hábito de dizer «eles», como se falassem de uma categoria  de pessoas à parte, situadas a grande distância da população, lá no «alto», nas quais se tinha fraquíssima influência. Para que serviria, então, exprimir desacordo em voz alta? Apenas para passar – o que não convinha – por indisciplinado? Pag. 203
“Livro O Grande Salto Atrás de Henri Alleg




Sem comentários:

Enviar um comentário