Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

22 de março de 2018

Solidariedade/Fraternidade


“A «nostalgia» de Tânia…terminara a sua carreira de professora primária e vivia com as dificuldades de todos os reformados, mas o que mais a preocupava não eram esses problemas nem as comparações que, nesse domínio, poderia fazer com a sua antiga vida. Ainda adolescente, vivera em Leninegrado durante o cerco da cidade: as pessoas caíam na rua, mortes de fome, de frio ou esgotamento, mas os outros continuavam a lutar»
«Vinham-lhe as lágrimas aos olhos ao recordar a solidariedade e a fraternidade desses tempos: As pessoas privavam-se do último naco de pão para dar a alguém que dele necessitasse mais: a uma criança doente, a um soldado ferido. E, quando lho davam, sabiam muito bem que alguém da sua família podia estar também, em qualquer sítio da União Soviética, com fome, ferido ou doente, mas receberia da mesma maneira iguais dádivas de solidariedade e de efecto de compatriotas desconhecidos. Uma fraternidade que se estendia também a todos os seres humanos e a todos os povos que em qualquer canto do mundo nos pedissem ajuda. Orgulhávamo-nos de ter podido ajudar Cuba, o Vietname, Angola, a Argélia, o Egipto e todos os que combatiam pela liberdade. E agora tudo isso está perdido. Já não podemos fazer nada pelos outros povos. Estamos incapazes de ajudar-nos a nós próprios!»
"do livro O Grande Salto Atrás, de Henri Allg, pág, 82"

Este relato da Tânia faz com que meus olhos humedeçam ao recordar os tempos idos da Reforma Agrária, em Portugal, e a fraternidade e solidariedade que muitos de nós, “sacrificando” o lazer, os fins-de-semana, o bem-estar pessoal, dedicamos apaixonadamente muitas horas de trabalho concreto, sem recebermos nada mais que o carinho e estima dos trabalhadores Alentejanos.
Faz-me lembrar os tempos em que muitos camaradas abriam as suas portas, colocavam mais um lugar na mesa, disponibilizavam um sofá ou uma cama extra, lá naquele quarto destinado a um filho vindouro mas que de momento era de grande utilidade para um descanso merecido.
Foram tempos de solidariedade e fraternidade entre homens e mulheres que lutavam por uma nova sociedade livre da exploração e onde todos os seres humanos se reconhecem como fazendo parte do mesmo ideal. Sem cansaços, sem vacilações todos davam o seu contributo, voluntário, nas variadas tarefas que se nos colocavam diariamente.
Pela manhã o bilhete em cima da mesa da cozinha dizia – amigo: tens o pequeno-almoço na mesa, quando saíres puxa a porta, abraço! -




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