Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

22 de novembro de 2010

Morreu o dirigente comunista Joaquim Gomes

Deixou-nos ontem, com 93 anos de idade, o camarada Joaquim Gomes, um dos mais destacado dirigentes comunistas da história do nosso Partido, e que dedicou toda a sua vida à luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo português.

Uma vida inteira entregue à luta contra o fascismo, pela liberdade, contra a exploração capitalista, pela democracia, a paz, o socialismo e o comunismo.

À camarada Maria da Piedade Gomes, sua companheira de sempre entregamos aqui um abraço sentido e fraterno. 

Joaquim Gomes foi um dos muitos homens a quem não deixaram que fosse menino. Com apenas 6 anos já era operário aprendiz na indústria vidreira das fábricas da Marinha Grande. Terra que o viu crescer e aderir primeiro com 14 anos à Federação da Juventude Comunista e depois, em Março de 1934, ao seu partido de sempre, ao Partido Comunista Português, passando a integrar no imediato o Comité Local da Marinha Grande.
Por parte dessa Europa , e em Portugal também, os anos 30 foram tempos sombrios de avanço do fascismo e do nazismo. Encabeçando as lutas dos aprendizes por reivindicações salariais, contra o trabalho violento e as arbitrariedades do patronato, que haveriam de ter expressão revolucionária na histórica insurreição revolucionária do 18 de Janeiro de 1934 contra a fascização dos sindicatos, Joaquim Gomes foi preso pela primeira vez com apenas 16 anos, em Novembro de 1933.

O regresso à liberdade, foi o regresso à luta fora da prisão. Assumiu um importante papel na reactivação da organização do Partido na Marinha Grande e na solidariedade aos presos do 18 de Janeiro, veio ainda a desempenhar tarefas ligadas à distribuição da imprensa partidária e às casas de apoio à Direcção do Partido e passa à clandestinidade em 1952 no Comité Local de Lisboa.

Em 1955 torna-se membro suplente do Comité Central e dois anos depois passa a membro efectivo. Em 1963 integra a Comissão Executiva do Comité Central e posteriormente a Comissão Política.

Por três vezes a PIDE deito-lhe a mão. Por duas vezes se invadiu da cadeia. Uma das suas fugas foi a célebre fuga de Peniche, ao lado de Álvaro Cunhal, Jaime Serra, Carlos Costa e de outros destacados militantes do Partido, um acto de grande coragem e heroísmo, um acontecimento de enorme significado na vida do nosso Partido com reflexos no desenvolvimento da luta do povo português contra o fascismo e pela liberdade.

Depois da revolução de Abril Joaquim Gomes foi deputado eleito pelo distrito de Leiria entre 1976 e 1987 e foi membro do Comité Central do PCP até ao XV Congresso em 1996, tendo mantido as suas responsabilidades como membro do Secretariado e da Comissão Política até ao XIV Congresso em 1992, altura em que foi eleito membro da Comissão Central de Controlo.

Quem privou e trabalhou com Joaquim Gomes sabe que era um homem modesto e discreto que, desempenhou com a mesma determinação e inabalável convicção revolucionária com que aderiu ao Partido responsabilidades no âmbito da Comissão Administrativa e Financeira e da Comissão de Património Central até ao fim dos seus dias. Ainda anteontem, estivemos juntos a dar-nos estímulos para prosseguir a luta.

Camaradas
Despedimo-nos hoje do camarada Joaquim Gomes. Um momento que mais do que um adeus será, como Joaquim Gomes gostaria que fosse, um reafirmar da nossa disposição colectiva para prosseguirmos o seu exemplo e marcarmos presença nas muitas lutas que ontem partilhámos e que é preciso prosseguir para que os ideais da liberdade, da democracia e do socialismo que animaram a sua acção revolucionária tenham concretização.

Evocar a vida de Joaquim Gomes é trazer para os dias presentes e futuros um percurso de vida exemplar, um trajecto de dedicação e coragem posta ao serviço da causa classe operária, dos trabalhadores e do povo português, uma marca imperecível que Joaquim Gomes partilha com uma geração heróica de militantes comunistas a quem o país deve a liberdade e Abril.

Um percurso de vida que se funde com a vida do Partido, parte integrante daquela gesta de lutadores revolucionários que fazendo parte da história do Partido são simultaneamente protagonistas do heróico percurso da luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo contra a tirania fascista, pela liberdade e a dignidade humana.

Deixando a vida o camarada Joaquim, Gomes deixou-nos num tempo onde o combate é mais exigente, por vezes bem difícil, neste confronto com aqueles que inscrevem nos seus objectivos a subversão dos valores de Abril, a liquidação das conquistas económicas e sociais e o empurrar o país para o retrocesso restaurar as injustiças e aumentar a exploração dos trabalhadores! Mas aquilo que animou, formou e forjou o camarada Joaquim Gomes é aquilo que nos anima, forma e nos dá têmpera! Prosseguir a luta, manter o nosso projecto e ideal comunista, lutar, lutar sempre, com aquela convicção e determinação que emana do nosso grande colectivo partidário, renovando e rejuvenescendo as nossas fileiras, sem nunca esquecer quanta força dos dá o exemplo que Joaquim Gomes nos legou. Descansa, camarada, que assim faremos!
Viva o PCP!

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