Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

4 de agosto de 2020

SPAL-Sociedade de Porcelanas de Alcobaça


Fundada em 1965 é uma empresa com sede no Concelho da Nazaré. Nela trabalham cerca de 500 trabalhadores oriundos das várias freguesias dos concelhos de Nazaré e Alcobaça.

Uma classe operária jovem, sem tradições de luta, muitos ligados ao campo por laços familiares e até alguns trabalhadores com as duas actividades em paralelo.

Ao nível sindical, a par de uma ofensiva dos diversos governos contra os sindicatos e os trabalhadores, muitos erros cometidos nas escolhas de dirigentes e delegados sindicais levaram à desconfiança e desinteresses na sindicalização: delegados sindicais que se venderam a troco de um cargo de chefia ao nível da secção; delegados e dirigentes sindicais sem preparação e que a aceitaram o cargo para benefício pessoal; sindicalistas do sindicato afecto à CGPT que formaram um sindicato paralelo para beneficiarem do facto de não terem de voltar ao trabalho nas fábricas; falta de trabalho permanente junto dos trabalhadores.

O Sindicato das Industrias Cerâmicas do Distrito de Leiria foi, em tempos, um grande sindicato com dirigentes combativos e prestigiados. Homens e mulheres corajosas que iam ao contacto directo com os trabalhadores nas muitas empresas existentes no distrito, fazendo um excelente trabalho. Muitos dirigentes atingiram a idade de reforma, outros adoeceram, alguns abandonaram a actividade sindical e hoje o sindicato é praticamente inexistente.

 Em 2010 a Spal é comprada, assumindo as dívidas da empresa e contando com o apoio do FACCE (Fundo de apoio Concentração e Consolidação de Empresas, que detém uma participação de 34,98% na Sociedade de Alcobaça) pelo grupo CUP & SAUCER com sede em Famalicão, que integra também a Leganza a primeira unidade do grupo o maior da Península Ibérica em produção de chávenas para café.
Numa entrevista em 2016 à revista Exame, o gerente do Grupo Ângelo Mesquita dizia “ a Spal é hoje uma empresas equilibrada, com perspectivas  de crescimento” Também nessa mesma entrevista afirmava que a Sapal ainda com resultados negativos mas que estavam a cair de-  2,7 milhões de euros em 2010 para – 397,5 mil euros em 2015.  Do lado da Cup & Saucer os lucros são da ordem de 900 mil de euros anuais e com perspecitiva de crescimento.
A estratégia do grupo ao comprar a Spal teve em conta o facto de ter ali construída uma fábrica bem equipada, com trabalhadores especializados. Ao comprar a Spal o grupo pretendia ter mais uma unidade de produção de chávenas de café e pires em grandes quantidades.

Esse objectivo contínua presente na estratégia da empresa que já reduziu números trabalhadores. Dos 500 trabalhadores da Spal alguns estão fazer acordos de rescisão, outros, os mais velhos, serão enviados para o Fundo De Desemprego até atingirem a idade para se reformarem, há trabalhadores a contratarem advogados particulares para sua defesa. Os contratos a prazo não tiveram nem vão ter os contatos revalidados. Assim o grupo reduz ao mínimo o número de trabalhadores para colocar a Spal a produzir apenas chávenas e pires.

O PCP fez recentemente um comunicado denunciando a situação mas com números que não correspondem à realidade. Na Spal está também evolvido dinheiro do Estado, dos nosso impostos, é dever das forças e esquerda e dos sindicatos questionarem o poder político sobre esta situação com requerimentos, exigência de fiscalização por parte da ACT e apontando perspetivas e solidariedade aos trabalhadores.
Um grupo que tem milhares de euros de lucro, que beneficia de apoios do estado, da segurança social, que beneficia do Lay Off com isenção de pagamentos à segurança social não pode descartar os trabalhadores como se de objectos se tratasse e o poder ficar a olhar para o lado.



Sem comentários:

Enviar um comentário