Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

1 de julho de 2010

POEMA DA MORTE NA ESTRADA

António Gedeão
Na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
estão quinhentos mortos com os olhos abertos.

A morte, num sopro, colheu-os aos molhos.
Nem tiveram tempo para fechar os olhos.

Eles bem sabiam dos bancos da escola
como os homens dignos sucumbem na guerra.
Lá saber, sabiam.
A mão firme empunhando a espada ou a pistola,
morrendo sem ceder nem um palmo de terra.

Pois é.
Mas veio de lá a bomba, fulgurante como mil sóis,
não lhes deu tempo para serem heróis.

Eles bem sabiam que o último pensamento
devia estar reservado para a pátria amada.
Lá saber, sabiam,
Mas veio de lá a bomba e destruiu tudo num só momento.
Não lhes deu tempo para pensar em nada.

Agora,
na berma da estrada, nuns quinhentos metros,
são quinhentos mortos com os olhos abertos.

1 comentário:

  1. E eis o retrato de muitos povos, entre os quais o português...
    "Lá saber, sabiam"...
    Vêm aqueles que realmente defendem os direitos do povo português com "a mão firme empunhando a espada ou a pistola", mas este mesmo povo lança a "bomba fulgurante" nas eleições demonstrando preconceitos, desinteresse pelos outros porque só sabem olhar para os seus umbigos... fora aqueles que confundem os seus defensores com outras vozes apátrias!!!

    Bonito serviço...

    Este poema é extremamente apropriado! Belo!

    ResponderEliminar