Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

6 de maio de 2010

Reflexões suscitadas pelo 1º Maio (2)

No seguimento do último artigo tinha prometido publicar aqui no Blog os comentários de uns amigos, segue então abaixo o que ainda acrescentei via e-mail e de seguida o comentário de um deles, o outro fica para uma próxima postagem e de novo com o mesmo titulo para que haja sincronismo entre estas ideias/comentários.
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Gostava de perceber a vossa percepção do 1º Maio e as possibilidades de derrubar o actual sistema, ou seja dentro desta disputa que existe pelo resto que ainda sobra do Estado será que temos possibilidade de o resgatar pra nós? Sermos poder?

Parece-me que o discurso precisava de se adequar às circunstâncias, temos que falar como o povo, "mais radicais", nesta altura ainda falamos muito caro, aliás à palavras que nem eu sei o significado, faço-me entender, resumindo alguma vez entraram numa fábrica, vão ao campo falar com os agricultores, etc... Somos muito softs, um dia destes passam-nos por cima, desculpem lá o desabafo mas não notei aquela garra. Não andei na rua, mas noto, sinto pelo que leio. Se tivesse sido mesmo bom e adequado às circunstâncias na blog-esfera os artigos eram outros, e o facto é que ainda se escreveu menos do que as televisões e jornais passaram.

Algo se passa portanto, quem é que está recuado, eu, nós os "a tempo inteiro", ou nem uns nem outros, mas é o povo que não apoia?
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Li com atenção as tuas interrogações* sobre as formas de combater ou apontar outros caminhos para transformar o momento presente.

É evidente que, o actual momento nacional e internacional, está deveras complicado para o mundo do trabalho, mas como tu colocas a questão nas formas e conteúdos da contestação ao poder do capital, a ideia também me preocupa e, da qual ressalta evidente, uma clara posição de reformismo sindical: - Estamos a afrontar o poder com palavras cada vez mais imprecisas e menos claras. Os dirigentes sindicais, de tanto se democratizarem, começaram a aprender umas palavras esquisitas, que alguns chamam de eufemismos (mas na verdade subterfúgios) para não assumirem as palavras verdadeiras e sempre sentidas pelos trabalhadores, quer no que respeita aos salários, como aos direitos sindicais ou da solidariedade.

O conceito burguês de luta de classes (negociação e conciliação) está cada vez mais presente no sindicalismo unitário e de classe e, no PCP, penso eu, não se inverte a formula de não responsabilizar politica e ideologicamente os seus militantes para a questão ideológica do sindicalismo revolucionário. Sendo certo que a luta é muitas vezes difícil de conduzir em campo aberto e de frontalidade com o patronato e os traidores, não é menos verdade que um partido revolucionário como o PCP, tem o dever de estudar, informar e organizar os seus militantes para preparar a defesa dos valores materiais dos trabalhadores, mas também os princípios do avanço, consubstanciados no controlo da produção teórica do sindicalismo de classe, gestão e organização da luta dos trabalhadores, bem como implementar teoria e reflexão sobre controle dos meios de produção (matérias primas, produção e distribuição) ao serviço do País e do Povo.

Sinto como tu, que algo se está a diluir na direcção politica do sindicalismo português. Não sei se é medo, ou antes cansaço de se confrontar o inimigo no campo da luta que é a empresa. Que pode ser ou não aberta, ou camuflada, mas que se faça. Mas que não pode passar a ser por conversa permanente e liquidatária de direitos (como tem sido ultimamente) que os problemas se resolvem, disso não tenho quaisquer dúvidas. Mas o que também me preocupa para além destes recuos pouco sensatos, são a falta de discussão politica da questão do sindicalismo de classe, a que alguns ilustres sindicalistas se esquivam de falar e defender, como se tal ideal e cultura revolucionária, não tenham sentido no momento actual, em face da organização económica mundial (globalização).

Acho interessante que este assunto venha rapidamente à discussão pública dos trabalhadores e dos dirigentes sindicais da CGTP. Penso ser necessário clarificar esta linha de conduta, pois não sendo ? o momento mais propicio para esta temática (como dizem alguns), importa então saber se combatemos o inimigo com pedras, paus ou algodão. Isto é elementar para se saber se estamos a ser ou não, verdadeiros representantes dos trabalhadores ou se interpretamos objectivamente os seus desejos e a sua vontade de lutar e que meios e métodos devemos implementar para a luta resulte em proveito dos trabalhadores e não no desgaste e na falta de convicção para lutar e vencer.
*assim como o artigo anterior enviado a este por e-mail

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