Na passada sexta-feira (7/5), não vi Francisco Louçã na primeira fila do Parlamento. E eu, que já aqui assinalei o seu estatuto de omnipresente líder do BE, pus-me a pensar o que se teria passado para se ter remetido, assim, a uma discreta segunda linha neste bate boca parlamentar.
A primeira surpresa foi saber que se estava a discutir uma matéria que tem estado nas bocas do mundo, poderíamos mesmo dizer, uma questão central da crise que, por estes dias nos enche a casa a partir das televisões, dos jornais, da rádio, da internet, eu sei lá!
Como compreender que quando se discutia a proposta apresentada pelo Governo PS, a mando dos grandes da UE, que autorizava o famigerado empréstimo à Grécia de dois mil milhões de euros, ou seja, que engajava o nosso país à estratégia do grande capital de entregar dinheiro ao governo grego, para pagar à banca os avultados empréstimos que teve que fazer, para tapar o buraco criado pelos apoios que deu, exactamente, à banca quando rebentou o escândalo da sua quase falência, por terem andado na jogatana e na especulação com o dinheiro que as pessoas lá foram colocando, como compreender (questionava eu) que Louçã não só tenha estado calado, como mesmo se tenha remetido, momentaneamente, a esse papel secundário?
Como entender que não tenha aproveitado para lembrar que estes empréstimos, não só não são para ajudar o povo grego, como têm como condição sine qua non do FMI e do directório europeu, a imposição, precisamente aos trabalhadores e ao povo grego, de mais e mais sacrifícios, de mais e mais dificuldades, que talvez se pudessem sintetizar, no roubo dos subsídios de férias e de Natal, ao mesmo tempo que isenta da mais pequena contribuição os responsáveis pela crise?
Como ajuizar que tenha ficado calado perante estas imposições, feitas pela Alemanha e pelos sacrossantos mercados, que, não são em nada diferentes das imposições que nos querem fazer a nós?
Só depois percebi que nada disso podia ser dito, pois o BE votou a favor, ao lado do PS e da direita. Afinal está de acordo com o tal empréstimo. Pelos vistos as suas concepções federalistas e o seu pendor social-democratizante falam mais alto. Louçã bem se esconde, mas não fica nada bem nesta fotografia.
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