Para ver se aprendem
Apreciando alguns contornos do mal-estar criado aqui ou além pela intenção de candidatura presidencial de Fernando Nobre, quem porventura ainda consiga resistir à máxima segundo a qual o tempo que vivemos é aquele em que tudo se esquece e nada se aprende não pode deixar de registar uma coisa extraordinária: nem mais nem menos que os remoques, insolências, críticas e reservas que são lançados sobre o posicionamento dito «independente», distanciado dos partidos e expressão de «cidadania» que Fernando Nobre(*) enuncia e reivindica.
Curioso e educativo até mais não é que essa saraivada de remoques venha, com assinalável nitidez, de pessoas que passaram meses ou anos a tocar essa guitarrada em relação a Manuel Alegre, Helena Roseta e seus procéres, gostosamente atolados na desonesta asserção de que certos movimentos seriam de «cidadãos» mas já os partidos, pelos vistos, possivelmenteintegrariam não cidadãos mas robôs ou extra-terrestres. E. a este respeito, talvez convenha lembrar que a sigla MIC do movimento de Alegre quer precisamente dizer por extenso Movimento de Intervenção e Cidadania.
Moral da história: todo o discurso que dominantemente nos tem sido servido sobre os movimentos de «cidadãos» ou de«independentes» quando formulado manifestamente com excesso, falta de equilibrio e de rigor, não passa de uma rematadíssima treta. Seja hoje a respeito de Fernando Nobre seja ontem e anteontem a respeito de Manuel Alegre. E esta figura e os seus mais destacados apoiantes, se semearam, agora estão a colher.
(*) última hora: agora até descobriram que o senhor seria monárquico, coisa que ninguém «descobriu» quando foi mandatário do Bloco de Esquerda nas eleições para o Parlamento Europeu.
original aqui
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