O papa Bento 16, fez 83 anos na semana passada, completa esta segunda-feira cinco anos à frente da Igreja Católica.
Enquanto este se lembrou apenas agora de chorar pelas vitimas... muitos são, os que choraram toda vida (“Eles não nos tratavam como crianças, nem mesmo como seres humanos. Nós éramos tratados como animais”). Desde o serem retirados às suas familias, mal tratados nas instituições para onde eram levados, onde estas recebiam do estado para darem uma educação às ditas crianças, pois pretendia-se que de lá saíssem com o curso industrial, em vez disso passavam fome, eram abusados sexualmente e acabavam por sair da instituição sem saber escrever...
É com tristeza que assisto a esta atitude de choramingas, não falamos de um homem qualquer, de um cristão não praticante, que até agora querem "expulsar da igreja" (Alcobaça: Cardeal Patriarca de Lisboa defende diminuição de cristãos "faz de conta"), falamos sim de alguém que à muitos anos tem grandes responsabilidades no seio da igreja, sendo agora quem detem o mais alto cargo à frente dos destinos da Igreja Católica. Exige-se que esta personalidade em vez de se andar a choramingar, apontar o dedo a este e aquele, prenunciando-se com arrogância, como se todos lhe devessem e ninguém lhe paga-se. Tome uma atitude de condenar quem tem que ser condenado, que por principio e para dar o exemplo assuma as suas responsabilidades.
Exige-se também que esta personagem seja de facto julgada. Parece-me de novo confirmado que os policias do mundo são só para com aqueles que não alinham. Os restantes tudo podem fazer.
Mas como tudo na vida será subtido a julgamento mais tarde ou mais cedo pelo próprio povo, aguardamos por um final menos feliz para esta comitiva, que mais não têm feito, a não ser mal ao mundo.
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A confissão e o arrependimento não estão entre as virtudes católicas praticadas pelo papa. Ele pediu desculpa pelo estupro de crianças cometido por padres católicos na Irlanda, mas este é um dos poucos escândalos de pedofilia que estão sacudindo a Igreja Católica no qual nem ele nem os membros do seu círculo próximo estiveram envolvidos. Ele condenou os bispos irlandeses por “graves erros de avaliação” e pelo “fracasso como líderes”; porém, de seus graves erros e fracassos – em Munique, no Wisconsin e na Califórnia – ele não disse uma palavra, exceto para desviar o assunto como “fofoca insignificante”. Sua resposta a esse escândalo lembra as origens do verbo pontificar.
Trancadas em seu mundo fechado e auto-controlado, as vítimas do estupro por sacerdotes poderiam apenas enraivecer frustradas. Até agora.
Ao longo do fim de semana passado, Richard Dawkins e Christopher Hitchens anunciaram que pediram a advogados que analisassem a viabilidade de uma ação contra o papa. Recentemente, no Guardian, Geoffrey Robertson, o advogado da banca que eles contrataram, explicou que o líder máximo da igreja que protege padres pedófilos condenava suas vítimas ao silêncio e concedia permissão aos criminosos para perpetrarem trabalhando com crianças, cometendo o insulto de ajudar e ser cúmplice do sexo com menores. Praticado em larga escala, esse ato torna-se crime contra a humanidade, reconhecido pelo Tribunal Penal Internacional. Esta é a política geral do Vaticano desde que Ratzinger era cardeal. Quando Bento veio ao Reino Unido em setembro passado ele poderia, se Dawkins e Hitchens tivessem obtido deferimento de sua demanda, ter sido preso.
Ao menos estamos acordando para o que o direito internacional significa. Pela primeira vez na história moderna a crença subjacente à vida política – aquela segundo a qual quem exerce o poder sobre nós não será julgado pelas mesmas regras legais e morais que regem os cidadãos comuns – está começando a ruir.(+)
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