Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

19 de abril de 2010

O homens europeus descem sobre Marrocos com a missão de recrutar mulheres.

Strawberry fields forever

O homens europeus descem sobre Marrocos com a missão de recrutar mulheres.

Nas cidades, vilas e aldeias é afixado o convite e as mulheres apresentam-seno local da selecção.

Inscrevem-se, são chamadas e inspeccionadas como cavalos ou gado nas feiras. Peso, altura, medidas, 

dentes e cabelo, e qualidades genéricas como força, balanço, resistência. São escolhidas a dedo, porque

são muitas concorrentes para poucas vagas. Mais ou menos cinco mil são apuradas em vinte e cinco mil.

A selecção é impiedosa e enquanto as escolhidas respiram de alívio, as recusadas choram e arrepelam-se

e queixam-se da vida. Uma foi recusada porque era muito alta e muito larga.

São todas jovens, com menos de 40 anos e com filhos pequenos. Se tiverem mais de 50 anos são

demasiado velhas e se não tiverem filhos são demasiado perigosas. As mulheres escolhidas são embarcadas e

descem por sua vez sobre o Sul de Espanha, para a apanha de morangos. É uma actividade pesada, muitas

horas de labuta para um salário diário de 35 euros. As mulheres têm casa e comida, e trabalham de sol a sol.

É assim durante meses, seis meses máximo, ao abrigo do que a Europa farta e saciada que vimos reunida em 

Lisboa chama Programa de Trabalhadores Convidados. São convidadas apenas as mulheres novas com

filhos pequenos, porque essas, por causa dos filhos, não fugirão nem tentarão ficar na Europa. As estufas de 

morangos de Huelva e Almería, em Espanha, escolheram-nas porque elas são prisioneiras e reféns da família 

que deixaram para trás. Na Espanha socialista, este programa de recrutamento tão imaginativo, que faz 

lembrar as pesagens e apreciações a olho dos atributos físicos dos escravos africanos no tempo da 

escravatura, olhos, cabelos, dentes, unhas, toca a trabalhar, quem dá mais, é considerado pioneiro e 

chamam-lhe programa de "emigração ética".

Os nomes que os europeus arranjam para as suas patifarias e para sossegar as consciências são um modelo. 

Emigração ética, dizem eles. Os homens são os empregadores. Dantes, os homens eram contratados para 

este trabalho. Eram tão poucos os que regressavam a África e tantos os que ficavam sem papéis na Europa 

que alguém se lembrou deste truque de recrutar mulheres para a apanha do morango. Com menos de 40 

anos e filhos pequenos. As que partem ficam tristes de deixar o marido e os filhos, as que ficam tristes ficam 

por terem sido recusadas. A culpa de não poderem ganhar o sustento pesa-lhes sobre a cabeça. Nas famílias 

alargadas dos marroquinos, a sogra e a mãe e as irmãs substituem a mãe mas, para os filhos, a separação 

constitui uma crueldade. E para as mães também. O recrutamento fez deslizar a responsabilidade de ganhar a 

vida e o pão dos ombros dos homens, desempregados perenes, para os das mulheres, impondo-lhes uma 

humilhação e uma privação. 

Para os marroquinos, árabes ou berberes, a selecção e a separação são ofensivas, e engolem a raiva em

silêncio. Da Europa, e de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. A separação faz com que muitas 

mulheres encontrem no regresso uma rival nos amores do marido. Que esta história se passe no século XXI e 

que achemos isto normal, nós europeus, é que parece pouco saudável. A Europa, ou os burocratas europeus 

que vimos nos Jerónimos tratados como animais de luxo, com os seus carrões de vidros fumados, os seus 

motoristas, as suas secretárias, os seus conselheiros e assessores, as suas legiões de servos, mais os 

banquetes e concertos, interlúdios e viagens, cartões de crédito e milhas de passageiros frequentes, perdeu, 

perderam, a vergonha e a ética. Quem trata assim as mulheres dos outros jamais trataria assim as suas.

Os construtores da Europa, com as canetas de prata que assinam tratados e declarações em cenários de 

ouro, com a prosápia de vencedores, chamam à nova escravatura das mulheres do Magreb "emigração

ética". Damos às mulheres "uma oportunidade", dizem eles. E quem se preocupa com os filhos?

Gostariam os europeus de separar os filhos deles das mães durante seis meses? Recrutariam os europeus 

mães dinamarquesas ou suecas, alemãs ou inglesas, portuguesas ou espanholas, para irem durante seis meses 

apanhar morango? Não. O método de recrutamento seria considerado vil, uma infâmia social. Psicólogos e 

institutos, organizações e ministérios levantar-se-iam contra a prática desumana e vozes e comunicados 

levantariam a questão da separação das mães dos filhos numa fase crucial da infância. Blá, blá, blá.

O processo de selecção seria considerado indigno de uma democracia ocidental. O pior é que as 

democracias ocidentais tratam muito bem de si mesmas e muito mal dos outros, apesar de querem exportar o 

modelo e estarem muito preocupadas com os direitos humanos.

Como é possível fazermos isto às mulheres? Como é possível instituir uma separação entre trabalhadoras

válidas, olhos, dentes, unhas, cabelo, e inválidas?

Alguns dos filhos destas mulheres lembrar-se-ão.

Alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pelo Islão.

Esta Europa que presume de humana e humanista com o sr. Barroso à frente, às vezes mete nojo.

Um excelente texto da Clara Ferreira Alves sobre a Europa.

Dá que pensar sobre o rumo que a sociedade vem tomando.

2 comentários:

  1. A Clara Ferreira Alves escreve este artigo sem conhecer a realidade sobre a mão de obra marroquina contratada para a apanha do morango em Espanha e Portugal. E de lastimar que o nosso « Zé povinho », por pura ignorância, desprovido de qualquer reflexo de procura da verdade ou de provas daquilo que é dito, engula tudo o que os jornalistas contam nos jornais, (o que é bastante cómodo para ele e também para os jornalistas que vão enchendo as algibeiras escrevendo artigos “sensacionais”) e, como de costume, cada um aí encontra a sua satisfação: um por ter encontrado uma “historia” para poder dar razão ao “bom da fita” e tratar o outro de tirano, e o outro por ter preenchido uma coluna de algum jornal de grande tiragem, contando algumas tretas de assuntos de “além mar em África”, das quais as probabilidades de ser verificada a sua veracidade são ínfimas.

    Ora vamos lá esclarecer a questão ao nosso povo português:

    100% dos “homens europeus” que vão a Marrocos contratar as marroquinas para a apanha do morango, são de origem marroquina, os quais adquiriram a nacionalidade portuguesa ou espanhola por residência no nosso país ou em Espanha.
    Se lhes é pago 35 Euros por dia, talvez seja o português ou espanhol (de origem marroquina) que lhes paga directamente esse montante porque as empresas portuguesas e marroquinas celebram contratos de trabalho com essas mulheres, o qual é visado pelo IEPF e no qual esta estipulado (e assinado por ambas as partes) um montante de salário equivalente ao ordenado mínimo nacional e ao qual se acresce o alojamento e alimentação.
    90% dessas mesmas marroquinas da “apanha do morango” algumas casadas e com filhos, outras não, nunca regressam a Marrocos. A maioria esmagadora das solteiras que por cá ficam, entram em redes de prostituição, as quais são mantidas pelos mesmos portugueses ou espanhois de origem marroquina que as escolheram pelos “…olhos, cabelos, dentes e unhas…” para a pseudo apanha do morango. Das “casadas com filhos”, que partiram, nesta altura já estão todas instaladas na Europa, com os filhos e os maridos que na altura deixaram em Marrocos(e Deus queira que nenhum deles não pertença à Al Qaida). Na altura do recrutamento das “trabalhadoras” em Marrocos, a sua escolha recai, quase sempre, sobre as mulheres cuja família (maridos com ambição de emigrar para a Europa), terá pago ao português ou espanhol , de origem marroquina (volto a repetir) a “modica soma” de 8.000 Euros (adquiridos por empréstimo), para que a mulher seja “seleccionada” e seis meses mais tarde, com residência na Europa, possa fazer o pedido de reagrupamento familiar para o marido e filhos.

    A frase de Clara Ferreira Alves: “….alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pelo Islão…” revela, de facto, a alta ignorância desta jornalista. o Islão não recruta individuos. O Islão é uma religião. Banalizar o Islão e confundi-lo com com uma corrente religiosa integrista é bastante grave! Resta-me corrigir e dizer: “ na altura em que alguns dos filhos destas mulheres serão recrutados pela Al Qaida, já eles serão portugueses ou espanhóis graças à “protecção e ao apoio humanitário” que lhes foi dado por certos indivíduos do nosso país, dos quais fazem parte a jornalista da treta Clara Ferreira Alves.

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  2. essa clara ferreira jornalista sabe muito pouco ou nada do problema.há milhoes de marroquinos na europa e muitos deles sao altos mafiosos e nao me admira nada que facam trafico de seres humanos de marrocos para a europa.em relacao a eles serem recrutados pela a al-qaida nao tem nada a ver com os europeus tem a ver com a propria idiologia do islao e grupos terroristas.marroquino turcos sao bem sortudos em poderem viver na europa e usufruirem da qualidade de vida que a europa proporciona a muitos deles.nao se devia era confundir as coisas a europa é como é tambem os portugueses k emigram tambem sofrem e tentam-se integrar enquanto a maior parte dos mulculmano nem se integrar querem...é a vida espero k a europa mude a suas politicas em relacao ao mundo mulculmano o que parece que ja esta a acontecer.acho muito bem k kem venha pra europa se integre nos padroes europeus da liberdade e mais nada

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