Na segunda-feira após o natal um amigo convidou-me para almoçar. Pedimos um frango para os dois mas como não me apetecia comer fiquei-me pela salada e pelas batatas fritas, fomos conversando e no final ele tinha comido o frango sozinho. Estatisticamente comemos ½ frango cada um.
Por acaso, nessa altura, a televisão anunciava, com grande destaque, que as viagens de fim de ano para as Caraíbas tinha esgotado e mais portugueses iam aproveitar as mini-férias em lugares mais quentes.
O meu amigo voltou-se para mim e comentou; dizem que há crise mas cada vez mais gente vai para o estrangeiro passar férias nesta altura, já não percebo nada disto.
É fácil de perceber, só não percebe quem não souber fazer contas, são 15 ou 20 mil pessoas que têm possibilidades de fazer férias quando querem e onde lhes apetecer, os 650 mil desempregados e os cerca de 3 milhões de pobres não têm possibilidades de o fazer, possivelmente nem dinheiro têm para comer. A comunicação social, da forma como transmite estas notícias faz-nos acreditar que vai tudo bem e até parece que anda o povo todo a viajar.
Então vamos supor que os que vão de férias agora passaram cá o natal e só partiram no domingo dia 27 de Dezembro, até quinta, véspera de ano novo são 5 dias.
Se deslocarem 20 aviões por dia com 250 pessoas cada para esses destinos, no fim dos 5 dias foram de férias 25 mil pessoas; encheram os aviões, esgotaram os “pacotes turísticos” e deram azo a notícias “bombásticas” por parte de jornais, rádios e televisões.