Além!

Porque o silêncio é às vezes o caminho mais dificil, é preciso encontrar avenidas de tambores a rufar entre tantas mordaças, para construir a sempre inacabada e desejada felicidade, de viver sempre a juventude presente. Tempo de desejo é sempre tempo de Futuro.

13 de janeiro de 2010

O socialismo é outra coisa! Não pode ser visto com óculos de negócio.




O que surge primordial na notícia é o facto do Ministério da Saúde pagar 2.500 euros por mês cada médico e estes só receberem 500 euros. E começa desta forma capciosa «Cada médico cubano contratado pelo Estado português recebe apenas 500 euros de salário pago pelo Ministério da Saúde através do governo de Cuba», assim lançando a... polémica, em que não faltam achas (para a fogueira...) de um dirigente de um sindicato (independente) de médicos, de um secretário de Estado (que não se cansa de dizer que «este foi um bom negócio (!) para Portugal e que está a dar bons resultados»)
E também há depoimento de médicos cubanos, apesar do "veneno" de um parágrafo que diz que «A maioria destes médicos não quer falar à imprensa por "não estar autorizado", segundo confessou (!) ao CM um dos clínicos».
Fica também a saber-se que os médicos cubanos têm habitação (incluindo água, electricidade, gás, televisão e internet) e transporte garantidos pelos municípios da região onde estejam colocados. E o casal colocado em Alpiarça falou (!) ... e disseram-se "muito satisfeitos" e "adaptados". E mais coisas sobre o exercício da sua profissão. Aqui e em Cuba.
Não faltarão, evidentemente, aliciamentos para que os médicos cubanos se "privatizem", e passem a receber individualmente o que governo português paga ao Estado cubano, embora, no entanto, esse facto (político) pudesse não convir ao "bom negócio" do governo português - que é com o governo de Cuba - e assim seria prejudicado.


Mas vejamos a polémica, para que polémica seja, de outra perspectiva, não de negócio:


Os médicos cubanos são médicos porque o Estado cubano, a sociedade cubana, criou condições para que a sua formatura não fosse um "investimento pessoal" mas a preparação para o exercício de uma profissão útil aos outros, em que possam, como escrevia Marx aos 17 anos, "acima de tudo, trabalhar para a humanidade". E, por isso, o nível da saúde pública em Cuba não pode ser ignorado e permite estes "negócios", a que chamaria, do outro lado da polémica, solidariedade, por mais que se queira vilipendiar o Estado cubano tal como é, e por mais que o ataquem e dificultem o seu desenvolvimento.
Polémico será também corrigir começo da mesma notícia. Escreveria assim: «O Estado cubano paga 500 euros a cada médico cubano e, segundo o contrato feito com o governo português, esses médicos terão direito a habitação e transporte gratuitos. Dado esse acordo entre os Estados, esses médicos cubanos vêm, solidariamente, contribuir para atenuar o problema da falta de médicos em Portugal, e o Estado cubano receberá uma compensação de 2.500 euros por cada médico cubano que se disponibilize para essa tarefa, verba que utilizará como entender, por exemplo, na criação de condições para que ainda mas melhor a saúde pública, e mais médicos se formem em Cuba, para ser possível reforçar essa solidariedade.»


O socialismo é outra coisa! Não pode ser visto com óculos de negócio.


Veja o original neste Blog:  anónimo séc.xxi / Sérgio Ribeiro em 12-01-2010